Somos quatro, dois humanos e dois gatos. Neko (gato em Japonês) foi o primeiro dos animais, chegou filhote, vindo da rua. A história resumida é a seguinte, Eugenio, um dos humanos, ouviu miados de madrugada no prédio. Desceu e viu o vigia noturno com um gato pequeno e orelhudo no colo. Disse: "vou colocar num saco e jogar no rio". Eugenio, por achar tal atitude estúpida e ignorante, tomou o bichano no colo, levou-o para casa, apresentou o lugar e perguntou para o gato se queria morar ali. Como não miou nem nada, concluiu-se, quem cala consente. Eu ainda não fazia parte do grupo dos quatro, que na época eram apenas dois, um homem e um gato.
Por isso, quando ia visitá-los, o gato, enciumado, me chamava de moça ao invés de mãe e muitas vezes me ignorava, indiferença que os gatos interpretam com perfeição. Quando o gato percebeu que a última visita havia transmutado em "morar aqui definitivamente", passou a me dar tapas na cabeça quando passava desprevenida em frente à geladeira onde montou sentinela com o intuito de se divertir dando patadas nas cabeças dos outros dois moradores, eu e Eugenio.
Em um começo de tarde de verão, um gato pequeno, branco e magro foi avistado por Eugenio e Neko quando passeavam. Decidimos adotar o gato, que na verdade era gata, sem consultar o terceiro integrante da casa. Por isso, Neko agiu furiosamente com arranhões e até mesmo rosnadas para a gata Bibiana. Disseram que se entenderiam logo e sete meses depois, ainda se estapeiam, quer dizer, o macho bate nela, situação essa que leva os dois humanos a intercederem pela mais fraca.
Por ser fêmea é menor. Neko às vezes sem motivo aparente sai de seu lugar só para dar patadas em Bibiana. Agora que somos em quatro, raramente nós humanos recebemos tapas na cabeça, pois seu alvo é Bibi. Neko tem também o costume de chegar perto dela quando está tentando tirar um cochilo e cheirá-la como um aviso de paz. Ela retribui o gesto também cheirando seu rosto quando inesperadamente a pata do gato acerta em cheio a fuça da gata.
Hoje vi algo inusitado. Neko começou a tossir, algo até comum aos gatos. Ficou com a cabeça baixa e como a tosse não cessava, Bibiana correu em direção ao "irmão" e começou a cheirar seu rosto, numa espécie de beijo. Não entendia o que estava acontecendo, Neko não a expulsou de seu canto, ficou ali parado, engolindo com certa dificuldade e Bibi ao seu lado, beijando-o, mesmo eles sendo na maioria do tempo inimigos. Depois que Neko melhorou e voltou a surrar a pobre gatinha percebi então o que havia acontecido, ela se preocupou com ele porque são iguais. Era uma comunicação entre felinos, inútil eu tentar decifrar. O que significava aquilo eu nunca vou saber. Ninguém mandou que eu me intrometesse na natureza. Se quiserem brigar, que briguem.
2 comentários:
Foi bem assim mesmo, só esqueceu de dizer que o Neko quando chegou era uma jaguatirica e para se adaptar a civilização transformou-se em um gato. Por isso que ele é selvagenzinho.
Beijos.
Coloquei esse mesmo comentário no Blogocular
Ei, mas um post, por mais curto que seja. Pode ser?
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