terça-feira, 18 de agosto de 2009

Gatos educativos


Desenho de Eugenio

Meu celular é cheio de vídeos e fotos de sobrinhas e gatos. Sabendo disso, minha primeira sobrinha, Lorena, no auge de seu um ano e cinco meses, me estendeu o celular e falou: "nenê". Sim, ela queria ver fotos dela mesma. Ainda não sabia, porém, que ali havia também vídeos de gatos.

Quando vai na casa de minha mãe, onde mora o Gato Beto, Lorena tenta imitá-lo. Por ter um miado muito alto e grosso, Lorena não faz "miau" e sim "aum" e com uma cara sofrida. Deve imaginar que aquele som só pode vir de alguém padecendo.

O celular tem como papel de parede a foto de Betinho. Lorena abriu o flip, riu, colocou o dedinho em cima da foto e disse, "aum". Então, resolvi mostrar a ela o vídeo de quando o Betinho foi visitar o Neko e a Bibiana. No vídeo, apareciam somente Beto e Neko. Falei para ela, "Lorena, são dois gatos, dois gatos" e fazia "dois" com os dedos. Não sabendo fazer dois, esticou somente o indicador e dizia, "dois"!

No mesmo dia, pegou um encarte de publicidade onde havia dois bebês, apontou e disse: "dois". Na semana seguinte, novamente, agora com duas embalagens iguais com fotos de bebês, ela disse com o dedo erguido: "doi, nenê". E repetia com os olhos arregalados, parecia uma professorinha ensinando os alunos e repetindo até aprenderem, mas já sem colocar a letra s no final: "doi, doi nenê". Depois dizem que os gatos são inúteis...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Nós e os gatos




Somos quatro, dois humanos e dois gatos. Neko (gato em Japonês) foi o primeiro dos animais, chegou filhote, vindo da rua. A história resumida é a seguinte, Eugenio, um dos humanos, ouviu miados de madrugada no prédio. Desceu e viu o vigia noturno com um gato pequeno e orelhudo no colo. Disse: "vou colocar num saco e jogar no rio". Eugenio, por achar tal atitude estúpida e ignorante, tomou o bichano no colo, levou-o para casa, apresentou o lugar e perguntou para o gato se queria morar ali. Como não miou nem nada, concluiu-se, quem cala consente. Eu ainda não fazia parte do grupo dos quatro, que na época eram apenas dois, um homem e um gato.

Por isso, quando ia visitá-los, o gato, enciumado, me chamava de moça ao invés de mãe e muitas vezes me ignorava, indiferença que os gatos interpretam com perfeição. Quando o gato percebeu que a última visita havia transmutado em "morar aqui definitivamente", passou a me dar tapas na cabeça quando passava desprevenida em frente à geladeira onde montou sentinela com o intuito de se divertir dando patadas nas cabeças dos outros dois moradores, eu e Eugenio.

Em um começo de tarde de verão, um gato pequeno, branco e magro foi avistado por Eugenio e Neko quando passeavam. Decidimos adotar o gato, que na verdade era gata, sem consultar o terceiro integrante da casa. Por isso, Neko agiu furiosamente com arranhões e até mesmo rosnadas para a gata Bibiana. Disseram que se entenderiam logo e sete meses depois, ainda se estapeiam, quer dizer, o macho bate nela, situação essa que leva os dois humanos a intercederem pela mais fraca.

Por ser fêmea é menor. Neko às vezes sem motivo aparente sai de seu lugar só para dar patadas em Bibiana. Agora que somos em quatro, raramente nós humanos recebemos tapas na cabeça, pois seu alvo é Bibi. Neko tem também o costume de chegar perto dela quando está tentando tirar um cochilo e cheirá-la como um aviso de paz. Ela retribui o gesto também cheirando seu rosto quando inesperadamente a pata do gato acerta em cheio a fuça da gata.

Hoje vi algo inusitado. Neko começou a tossir, algo até comum aos gatos. Ficou com a cabeça baixa e como a tosse não cessava, Bibiana correu em direção ao "irmão" e começou a cheirar seu rosto, numa espécie de beijo. Não entendia o que estava acontecendo, Neko não a expulsou de seu canto, ficou ali parado, engolindo com certa dificuldade e Bibi ao seu lado, beijando-o, mesmo eles sendo na maioria do tempo inimigos. Depois que Neko melhorou e voltou a surrar a pobre gatinha percebi então o que havia acontecido, ela se preocupou com ele porque são iguais. Era uma comunicação entre felinos, inútil eu tentar decifrar. O que significava aquilo eu nunca vou saber. Ninguém mandou que eu me intrometesse na natureza. Se quiserem brigar, que briguem.

domingo, 2 de agosto de 2009

A simples razão

Foto de Eugenio


Convivo com gatos há quase 17 anos e esse foi o motivo pelo qual criei esse novo blog, para contar como esses bichanos são adoráveis e companheiros. Histórias nessas quase duas décadas não faltam.

A primeira gata que tive, não foi verdadeiramente minha, afinal, "nós gatos já nascemos pobres, porém, já nascemos livres". Ela caçava ratos pelo prédio onde morávamos. Como minha família era a que mais alimentava a gatinha, passou a ser "nossa". Sabia exatamente qual era nosso apartamento, às vezes arranhava a porta para poder entrar.

Mudamo-nos e a gata ficou no prédio. Não sei que fim a levou e no Natal de 1992, ganhei o Betinho, gato siamês que vive até hoje, mas agora com minha mãe. Divido minha vida assim, antes de Betinho e depois de Betinho. Antes dele, eu era uma criança que brincava com ursinhos de pelúcia. Quando chegou em nossa casa, ele virou meu brinquedo. Quer dizer, eu virei o dele porque tinha que ficar fazendo bolinhas de papel para ele brincar. Minhas roupas passaram a ficar cobertas de pelos.

O gato não faz a festa toda que o cachorro faz quando fica dez minutos longe do dono. Não sei o que acontece com os cães, eles sofrem de uma carência muito grande, um temor enorme de ser abandonado. Gosto também desses bichos e ultimamente o Betinho tem sofrido dessa síndrome canídea, fica pedindo carinho o tempo todo. Acho que é a idade.